NOMES DE ZEUS: AMUN
Amon é o Deus dos Deuses no panteão egípcio. Mas também era conhecido como o mistério supremo — o poder oculto do reino e de todo o universo. O corpus da antiga civilização egípcia contém muitos textos sobre ele que são vagos e difíceis de interpretar, quando comparados com os textos sobre Zeus ou Júpiter, mas que enfatizam de forma esmagadora a sua majestade e primazia.
O seu sacerdócio estava situado em Tebas, uma das cidades mais importantes do Egipto. O sumo-sacerdote de Amon detinha a mais alta autoridade religiosa do Estado e era o segundo em importância, apenas atrás do próprio Faraó.
Na época de Píndaro, Amon tinha recebido caraterísticas helenísticas e ficou conhecido como Zeus Amon. Alexandre, o Grande, inaugurou e estabeleceu formalmente este culto específico de Amon entre o povo egípcio, que o acolheu como um libertador do domínio persa.
Heródoto ilustra que isto não era segredo:
Livro 2.42, Histories, Heródoto
“Os egípcios chamam Amon ao seu Deus supremo, que os gregos identificam com Zeus. Pois é sua crença que ele é o governante de tudo e o pai dos Deuses e homens.”
AMON, REGENTE DOS DEUSES
Amon ocupa a posição máxima e suprema no panteão egípcio.
Ao longo da história, muitos interpretaram erradamente o panteão egípcio como uma forma de politeísmo igualitário, em que todos os deuses são considerados “iguais” — uma noção contrariada pelos textos. Outros, no extremo oposto, sugeriram um monoteísmo rígido centrado em Amon. Esta perspetiva, defendida por estudiosos como Emmanuel de Rougé e outros egiptólogos desde a era vitoriana, tem influenciado as interpretações modernas. Além disso, certos acontecimentos históricos negativos, como o governo de Akhenaton e outros falsificadores moldaram ainda mais estas percepções.
O Sumo Sacerdote Hooded Cobra explica o significado desta dualidade — algo que os iniciados egípcios compreendiam perfeitamente entre si. A adoração primária de Amon e Atum era o ponto central da religião egípcia, pois Amon era o Faraó dos Deuses. Um dos seus títulos nos Textos do Caixão, Amon, Senhor dos Tronos das Duas Terras, faz referência à sua divisão de poder.
Um aspeto fundamental do seu simbolismo divino é a sua natureza paternal, que se estende mesmo a outros Deuses. O Hino do Cairo, por exemplo, afirma a primazia de Amon como o Pai dos Deuses — o Pai Supremo:
Hino do Cairo
“Pai dos pais de todos os Deuses...”
Em consonância com os seus atributos criativos, Amon era considerado o mais superno e mais elevado de todos os Deuses. Ele é repetidamente descrito como tendo trazido o mundo à existência através das lágrimas e do suor dos seus olhos, contrastando com o estado anterior de cegueira e vazio.
Como consequência desta afirmação, foi equiparado à Unidade do universo e ao outro misterioso Deus Criador, Atum. Os hinos egípcios a Amon também fazem referência à sua primazia como governante de todas as coisas:
Papiro de Boulaq (XVIII Dinastia)
O único criador de todas as coisas,
Criador e Criador dos seres,
De cujos olhos procedeu a humanidade,
De cuja boca foram criados os Deuses.
O DEUS OCULTO
“Ó Tu, o Grande Deus, cujo nome é desconhecido.”
A inscrição do faraó Unas revela muito sobre Amon e seu misterioso papel. Outro título que lhe é atribuído é “Aquele cujo nome está oculto”, uma frase que se encontra frequentemente nos Textos do Caixão.
- CT 132 / II 154: Sentei-me de costas para Geb, pois sou aquele que julgará em companhia d’Aquele cujo nome está oculto...
- TC 147 / II 207: Julgarei com aquele cujo nome está oculto...
- CT 148 / II 220: ...porque chegaste ao horizonte, tendo passado pelo recinto daquele cujo nome está oculto.
- CT 148 / II 221: Ó Falcão, meu filho Hórus, habita nesta terra de teu pai Osíris, neste teu nome de Falcão que está no recinto d’Aquele cujo nome está oculto.
- CT 148 / II 223: Vede Hórus, ó Deuses, eu sou Hórus, o Falcão, que está no recinto d’Aquele cujo nome está oculto.
- CT 682 / VI 310: Ele voou e voou como aquele Grande Falcão que está no recinto d’Aquele cujo nome está oculto, que toma o que pertence àqueles que estão mais além, para Aquele que separou o céu da terra e do Nun.
Ao contrário de outros Deuses ligados a fenómenos visíveis (o sol, o céu, o Nilo, etc.), Amon era inerentemente transcendente e sem forma, representando o ar invisível ou o vento criador. Desde cedo, foi mesmo considerado um Deus ligado ao ar — invisível mas que sustenta a vida.
REI DOS REIS
O papel central de Amon no Estado egípcio era presidir ao Faraó e à nação, actuando como seu patrono e benfeitor divino em todas as circunstâncias. O seu nome era particularmente invocado durante as coroações e o estabelecimento de um novo governo, simbolizando o seu sopro de vida no reinado do governante. Numerosos registos sublinham também a sua ligação aos grandes feitos do faraó, como é o caso do faraó Hatshepsut:
Conceptions of God in Ancient Egypt: The One and the Many – Erik Hornung
Caraterístico desses casos excepcionais é um texto que atribui à rainha [sic] Hatshepsut a qualidade ntrj “divinesa”.
No regresso da grande expedição comercial que Hatshepsut enviou à longínqua terra do incenso africana, Punt, os seus súbditos reunidos adoraram e aclamaram a rainha “nas instâncias (zpw) da sua divindade” e “por causa da grandeza da maravilha que lhe aconteceu” (Urk. IV, 340, 5-6).
Não se tratava de um acontecimento ou de uma ação ordinária da rainha, mas de um momento solene e exaltado em que a sua natureza divina se manifestava ao mundo inteiro. Era o momento em que a sua promessa ao rei dos Deuses, Amon, de transformar o templo do seu terraço numa terra de incenso no Egipto, estava prestes a ser cumprida. A rainha reinante revelou a sua essência divina através do aroma sagrado e do brilho dourado que emanava dos próprios Deuses.
Faraós citavam frequentemente Amon para os ajudar a atingir os seus objectivos e agir como seu salvador. A manutenção bem sucedida de campanhas militares demonstrava a sua vontade de manter uma relação com o Guardião do Egipto. Um exemplo de uma das inscrições de Qadesh, atribuída a Ramsés II, ilustra a forma como Amon era considerado pelos governantes do Egipto:
Pilone de Ramesses II, em Luxor
Rezo desde os confins das terras estrangeiras,
e a minha voz ressoa em Tebas.
Quando lhe gritei, vi que Amon tinha chegado.
Ele deu-me a sua mão e eu rejubilei.
De facto, Amon determinava quem devia ser Faraó e quem devia continuar a sê-lo. A legitimidade do faraó — e, portanto, o destino do Egito — dependia do seu aval divino.
Os faraós também celebravam o festival Heb-Sed para renovar o seu poder real. Os textos e os relevos destes festivais representam frequentemente a afirmação do governante de que Amon aprovava pessoalmente o seu reinado.
SACERDÓCIO DE TEBAS
O sacerdócio tebano era o mais importante no Egipto, uma vezque Tebas (Waset, Luxor moderna) era o centro religioso do reino. Os indivíduos mais elevados e sagrados serviam entre suas fileiras. Um testemunho de sua autoridade é o facto de que os Sumo Sacerdotes de Tebas intervieram várias vezes para assumir a governança total do país quando enfrentava grave perigo.
Amon era adorado como o patrono da grande cidade, ao lado de Mut (a deusa da feitiçaria) e
Khonsu (o deus da criação e da Lua). O maior e mais grandioso Templo de Amon estava localizado em Karnak, um distrito de Tebas.
Apesar do nome, não é um único templo, mas um vasto complexo de templos, capelas, postes e obeliscos. Como se para enfatizar a primazia deste Deus em todo o universo, continua a ser a maior estrutura religiosa já construída, cobrindo uma área de mais de 200 acres (810.000 m²). Imponente e imensa em escala, Karnak tornou-se o principal centro religioso do Egipto, ao lado de Memphis e Abydos. O Festival Opet anual foi comemorado aqui, durante o qual a estátua de Amon foi desfilada para o Templo Waset.
Grande parte do planejamento original e design do templo foram realizados pelo faraó Hatshepsut, que foi prolífico na construção de monumentos para Amon. No entanto, o Hypostyle Hall, uma estrutura maciça com 134 colunas imponentes, a maior de 21 metros (69 pés) de altura, foi finalmente concluída pelo Faraó Ramsés II séculos depois.
O complexo inclui vários santuários dedicados a vários Deuses, como a Tríade de Khonsu e Mut, mas o mais importante é o Grande Templo de Amon. Grande parte do templo também é dedicado a Amon-Rá, que tem sido uma fonte de confusão para os historiadores.
A adoração diária do templo de Amon em Karnak incluía rituais de manhã, meio-dia e noite envolvendo incenso, libações e recitações de hinos por sacerdotes em nome do rei. Através destas práticas, desde os grandes festivais aos ritos diários, Amon era venerado como um Deus majestoso mas misterioso — um cuja presença podia abençoar a terra, afirmar reis, cuidar de plebeus e até mesmo fornecer orientação quando devidamente invocado.
No Baixo Egipto, o culto de Amon se espalhou rapidamente durante o Novo Reino. Os faraós construíram templos de Amon em Memphis, na nova capital Pi-Ramesses, e um importante santuário em Tanis, no Delta. Após a heresia de Akhenaton, o culto de Amon se expandiu ainda mais.
O culto a Amon também se estendeu amplamente até a Núbia. Governantes egípcios construíram ou expandiram templos para Amon em regiões da Núbia, como Napata/Jebel Barkal, e Amon tornou-se o principal Deus dos reinos da Núbia também. As dinastias núbias do Egipto exaltaram Amon e Atum juntos. A influência desses dois Deuses pode ser profundamente sentida em toda a África.
Esses templos não eram apenas centros religiosos, mas também centros econômicos, dotados de vastas propriedades de terra e uma grande força de trabalho.
ESPOSA DIVINA DE AMON
Além do clero masculino, uma instituição única no culto de Amon era a “Esposa Divina de Amon,” um título dado a mulheres reais atuando como Sumo Sacerdotisas. A prática existia antes, mas o Faraó Ahmose I (c. 1530 AC) elevou sua esposa, Ahmose-Nefertari, a essa posição, tornando-a de grande prestígio e influência política. A sacerdotisa personificava Amonet, a consorte feminina de Amon, ou Mut, a membro feminina da Tríade Tebana.
Em períodos posteriores (especialmente o Terceiro Período Intermediário), este escritório foi usado para consolidar o poder. A filha governante de Faraó-Lucas se tornaria Esposa Divina de Amun em Tebas, efetivamente controlar o sacerdócio de Amon e a propriedade do templo.
FESTIVAIS DO CRIADOR
A adoração de Amon incluiu grandes festivais públicos que foram destaques do calendário religioso, especialmente em Tebas. O mais importante foi a Festa de Opet, um festival anual para rejuvenescer o poder faraônico. Durante Opet, a barca santuário portátil de Amon, um santuário em forma de barco dourado carregando uma estátua de Amon, era levado em procissão do Templo de Karnak ao Templo de Luxor.
Em meio a grande cerimônia, a imagem de Amon visitava Luxor para se unir com o aspecto de Amun em Luxor (às vezes ligado a Amun-Min para fertilidade) e reafirmar ritualmente a legitimidade divina do rei. Opet durava muitos dias, com procissões, oferendas, oráculos e celebrações envolvendo sacerdotes e o público.
Outra grande celebração de Tebas foi o Belo Festival do Vale, que homenageava os mortos. Neste festival, a barca de Amon, juntamente com as de Mut e Khonsu, era transportada através do Nilo de Karnak para a margem ocidental para que o Deus pudesse visitar os templos mortuários e necrópoles, unindo-se simbolicamente com almas falecidas.
Esses festivais permitiam que os egípcios comuns vissem e adorassem o Deus tipicamente oculto, já que suas imagens eram levadas para fora do templo, promovendo a devoção popular.
DIVINDADE DO DESTINO E DAS PESSOAS
Amon era associado com o destino. Este aspecto do Grande Deus retratou-o como alguém que “ouve as petições daqueles que o chamam”. Simbolicamente, ele era considerado um defensor e patrono dos inocentes e oprimidos. Muitos procuraram sua adoração ou oráculos para transformar suas circunstâncias.
Pessoas comuns se voltaram para Amon com apelos pessoais, refletindo um crescente senso de piedade pessoal. Amon era considerado como uma divindade compassiva que ouve as orações dos humildes. O Novo Reino e os hinos posteriores chamam-no de “ministro dos humildes” e “aquele que vem à voz dos pobres”, retratando-o como um campeão dos desprivilegiados que intercedia em nome dos adoradores comuns.
Este aspecto de Amon como um Deus pessoal e ético sugere uma amplitude teológica em seu papel além do estado e do Faraó, tornando-o acessível a todos os níveis da sociedade.
Textos antigos enfatizam repetidamente que Amon ordena tudo o que é, será e foi. Seus representantes, como Seshat, codificam esses conceitos em realidade. O título “Senhor de Ma’at” é constantemente aplicado a ele como o sustentador de todas as circunstâncias universais, ao lado de Atum. Referências a ele como “a causa absoluta” demonstram ainda como os egípcios viam seu papel na ordem cósmica.
De acordo com essa crença, a mãe de Faraó era frequentemente descrita como sendo visitada por Amon antes da gravidez, reforçando para o povo egípcio que seu governo era predestinado.
DEUS DO VENTO E CLIMA
Amon, muito parecido com Zeus, representava os ventos, tempestades e clima tempestuoso. Suas intervenções eram muitas vezes marcadas por tempestades e tormentas. Acreditava-se que a saúde frágil da civilização dependente do Nilo estava nas mãos do cabeça dos Deuses.
Junto com seu representante Shu e outros Deuses, Amon governava os céus e era considerado como uma força ativa nos padrões climáticos.
ICONOGRAFIA DE AMON
Na maioria das representações após o período herético Amarna, Amon é representado com pele azul. Um significado disso é demonstrar a primazia de Amon residindo e governando todas as facetas do cosmos, assim como o céu cobre a terra. O tom específico de azul, em oposição a outras cores, como verde ou preto, que também são por vezes associados com o Deus, relaciona-se com níveis espirituais específicos, todos os quais Amon dominou em sua totalidade. Azul como uma cor também está ligado a Zeus, com seu globo e manto, entre outras coisas.
Amon normalmente usa um cocar muito alto de duas penas de falcão, conhecido como shuti. As duas penas, ao lado da tiara dourada, representam o poder real tradicional no Egipto e servem para enfatizar o facto de que ele é o Rei dos Deuses, Daemons e Homens.
Implícito dentro do simbolismo da coroa está outro código relacionado aos elementos do universo. As duas penas representam os elementos totalmente separados de fogo e água, enquanto a tiara de ouro representa a terra, magnetizando os dois para fora do centro. A faixa de linho vermelho que se estende das costas (o sheshed ou flâmula) representa o ar, que está conectado ao resto, mas flui para fora de forma independente.
A coroa é significativamente alta para demonstrar que o poder de Amon atinge inteiramente o firmamento do éter, além da capacidade dos outros Deuses. O simbolismo das penas duplas também significa que ele expressa o reino interno de Satya, a Verdade, em existência ativa.
Amon também carrega o cetro, tipicamente associado com Set. Ele governa sobre os seres humanos inertes e espiritualmente deficientes, bem como os iniciados espiritualmente ativados, mas todos os que passam pela iniciação e todos os praticantes de magia devem passar por ele independentemente. O cetro serve como um símbolo visual de dedicação a ele. Os malfeitores e aqueles que falsamente afirmam representar os Deuses de maneiras malévolas são destruídos por seu poder.
Imagens semelhantes ao Carneiro foram assimiladas a Amon desde um estágio muito inicial no Egipto. Esfinges adornadas com a cabeça de um carneiro macho ou uma cabeça humana com chifres foram criadas para transmitir verdades significativas sobre o Deus dos Deuses. Semelhante a Khnum, os chifres de carneiro de Amon simbolizam as origens de toda a vida, mas no seu caso, eles também representam o desvendar e a expansão da própria existência, além da vida biológica.
Neste contexto, a postura protetora e sábia do carneiro sobre o Faraó Amenhotep III demonstra a capacidade ardente do Deus dos Deuses de proteger qualquer Rei-Deus sob sua tutela. Seu imenso tamanho e força aterrorizante eclipsam até mesmo o majestoso governante do Egipto. Nesta representação, o poderoso carneiro exorta o faraó a agir como o dispositor da vida e da civilização, para manter as leis, e para sempre apoiar a defesa ativa do reino. Esta estátua foi encontrada em Karnak, um distrito de Tebas.
In this context, the protective and wise stance of the ram over Pharaoh Amenhotep III demonstrates the fierce ability of the God of Gods to protect any God-King under his patronage. His immense size and terrifying force eclipse even the majestic ruler of Egypt. In this representation, the powerful ram exhorts the Pharaoh to act as the dispositor of life and civilization, to maintain the laws, and to always uphold the active defense of the realm. This statue was found in Karnak, a district of Thebes.
Uma nota importante é que o nome e o simbolismo visual de Amon têm sido frequentemente mal utilizados e, nos tempos modernos, confundidos com Amon Rá, um Deus diferente cujo nome foi posteriormente incluído na Goétia como “Amon”, levando a mais confusão. Com Amon Rá, esses símbolos assumem significados distintos.
Amon também tomava outras formas: um ganso (que recebeu o epíteto “Grande Cacarejador”, ligando-o ao ovo cósmico primordial), uma serpente (simbolizando a renovação através de sua troca de pele) e até mesmo um macaco ou crocodilo em certas interpretações locais.
Esses diversos animais e formas sagradas enfatizam a natureza abrangente de Amon. No entanto, em todas as suas manifestações, Amon permaneceu escondido em essência. Por exemplo, em Karnak, sua imagem de culto era tipicamente mantida velada e secreta. Essa invisibilidade, combinada com seu poder criativo, fez de Amon um Deus de profundo significado teológico, representando a força divina invisível por trás de toda a existência.
ZEUS AMMONAS
Zeus Amon, também conhecido como Zeus Ammon ou Zeus Ammonas, começou a aparecer quando os estados gregos cultivaram contato com o Egipto. Embora muitas vezes associada com o período grego do Egipto, esta representação é muito antiga e aparece nas obras de Píndaro, especificamente em referência à colônia de Cirene:
Odes Pítias 4.16, Píndaro:
“E estabelecendo aquela cidade junto à fonte de Apolo e à terra fértil de Zeus Amon...”
Waset em si também foi chamado “Diospolis”, ou a Cidade de Zeus, ao lado de seu nome mais típico, Tebas.
Normalmente, essa personificação de Zeus é adornada com os chifres do carneiro. Ele era adorado principalmente em Cirene, uma região da Líbia moderna, que na época tinha uma população de colonos gregos. A adoração de Zeus Amon estava diretamente ligada aos aspectos de Amon lidando com o destino em particular.
O culto de Amon também apresentava oráculos e práticas processionais ou de peregrinação. No Novo Reino, o oráculo de Amon era frequentemente consultado sobre questões importantes de estado e justiça. A estátua de Amon pode misteriosamente indicar “sim” ou “não” através de movimentos, provavelmente controlados por sacerdotes durante as procissões, entregando assim o julgamento de Deus.
O Oásis em Siwa foi um dos oráculos mais famosos do mundo clássico e um importante centro para a adoração de Amon, ao lado de seu sacerdócio em Tebas. Sua reputação de precisão era tão grande que Alexandre, o Grande, procurou sua orientação o mais rápido possível:
Vida de Alexandre, Plutarco:
“O sacerdote dirigiu-se a Alexandre à maneira de um deus e, como alguns dizem, cumprimentou-o como ‘Filho de Zeus.’ ... Ele perguntou se algum dos assassinos de seu pai havia escapado dele, e o sacerdote respondeu que ele não deveria falar blasfêmias, pois seu pai não era mortal.”
Tanto Alexandre quanto a dinastia grega dos Ptolomeus, que governaram o Egipto depois dele, representaram-se com os chifres do carneiro, significando sua descendência divina de Zeus.
Alguns indivíduos gregos e romanos na Antiguidade não entendiam completamente os aspectos animalescos de Zeus como retratados na tradição Egípcia. Esta questão é tocada por Lucian, onde a personificação da Culpa (“Momos” em grego) zomba de Zeus, apenas para o Grande Deus refutá-lo:
Deorum Concilium, Lucian:
Momos:
Momos: “E você, Zeus, como você pode suportá-lo quando eles transplantam chifres de carneiro em vós?”
Zeus: “Essas coisas que observas sobre os egípcios são realmente chocantes. Mesmo assim, Momos, a maior parte deles tem um significado místico, e não é de todo certo rir deles, só porque tu não és uma dos iniciados.”
O culto Amon de Zeus foi mais comumente seguido pelos líbios, mesmo além das colônias gregas. Eles muitas vezes sintetizaram esse aspecto egípcio com Baal Hammon de Cartago.
BIBLIOGRAFIA
Pythian Odes, Pindar Histories, Herodotus Life of Alexander, Plutarch Deorum Concilium, Lucian Egyptian Solar Religion in the New Kingdom: Re, Amun and the Crisis of Polytheism, Jan Assmann Amun, World History Encyclopedia, Joshua J. Mark Amun and Amen-Re, The Encyclopedia of Religion, C. J. Bleeker
CRÉDITOS:
Karnonnos [Guardião Templar] |