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Os Nomes de Zeus Através das Eras

Egon

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Sep 19, 2017
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odysee.com
[Tópico para postar as traduções dos nomes de Zeus nesta página: https://www.templeofzeus.org/Our_God]

A maioria destes nomes tem uma história anterior ao cristianismo, ao islamismo ou ao judaísmo em pelo menos 2000 a 10.000 anos, ou mais. O nome de Zeus é um nome sagrado e mais poderoso—o fundamento da própria criação. Quando este conceito é compreendido, torna-se claro por que Zeus, ou Deyus Pater na língua indo-europeia, sempre foi o Pai Original da Humanidade.
 

NOMES DE ZEUS: DYEUS PATER​


A divindade Dyeus Pater (reconstruída como “Pai Céu” ou “Pai Celeste”) é o patriarca primordial do panteão indo-europeu. Ele é a personificação divina do céu brilhante e iluminado pelo dia. Embora nunca tenha sido registado por escrito pelos indo-europeus pré-históricos, a sua memória sobrevive através da linguagem e do mito em muitas culturas descendentes.

Desde o Zeus grego, o Dyaus Pitar védico, e os romanos Júpiter e Diespiter anteriores ao Taranis e ao Dagda celtas, e até mesmo indícios nas tradições mitanni e hitita, o Dyeus Piter aparece como uma figura do Pai Todo-Poderoso associada aos céus. As suas origens linguísticas, papéis e símbolos em várias mitologias — bem como a evolução do seu culto e atributos — revelam muito sobre as transformações deste antigo Deus do céu nas culturas indo-europeias, tal como exploradas através de estudos comparativos.

Existem numerosas formas deste nome que podem ser construídas:

  • Védico: Dyáuṣ Pitṛ́ (द्यौष्पितृ, “Pai do Céu”)
  • Grego: Zeus Patēr (Ζευς πατήρ, “Pai Zeus”)
  • Latim: Iuppiter (do latim antigo Diespiter ou Djous pater, “Pai do Céu Jove”)
  • Ilírico: Deipaturos
  • Língua cita: Papaios (do grego Papaios, “Pai” Zeus), um Pai do Céu referido como “Papa”
  • Palaico (Anatólio): Tiyaz papaz (“Papa Tiyaz”), um deus do sol/céu
  • Irlandês antigo: Dagda Ollathair (“Grande/Pai de Todos”). (Embora o nome de Dagda tenha uma raiz diferente que significa “Bom Deus”, o seu epíteto “Pai Todo-Poderoso” mostra um papel semelhante de pai do céu)
  • Germânico: Wodan referenciado como o Pai Todo-Poderoso (Alföðr)
  • Báltico: Dievas



VÉDICO

Na antiga religião védica da Índia, o pai do céu aparece como Dyaus Pita (द्यौष्पितृ), um cognato direto de Dyeus Pater. No texto Rig Veda, Dyaus é reverenciado como o “Céu” (Dyaus) no papel de “Pai” (Pitar). É mais frequentemente mencionado na frase dupla “Céu e Terra” (Dyava-Prithivi), juntamente com a sua consorte Prithi Mata (Mãe Terra). Juntos são chamados os “dois pais” do mundo, reflectindo um conceito muito antigo de pai e mãe cósmicos.


HELÉNICO

Talvez a encarnação mais famosa de Dyēus Pater seja Zeus da Grécia antiga. O nome Zeus (grego Ζεύς, caso genitivo Διός / Dios) vem diretamente do proto-helénico Di̯eus, com a mesma raiz dyeu a ser usada para céu/luz. Grego homérico preservou o clamor vocativo “Ζεῦ πάτερ” (Zeû páter, “Pai Zeus”) em orações, exatamente como o védico e o latim fizeram, mostrando a herança compartilhada.

Na religião grega, Zeus assumiu uma importância imponente como o Pai e Governante dos Deuses e dos homens, reinando do Monte Olimpo como o chefe do panteão olimpiano.


ROMANO

Ele aparece numa forma distinta como Diespiter, acabando por se tornar o Deus chamado Júpiter na época da monarquia romana.

Dis Pater tornou-se um aspeto separado e ctónico relacionado com Plutão ou Hades, um filho de Saturno juntamente com Júpiter e Neptuno. Este aspeto ficou associado à morte, à agricultura e ao submundo, com temas plutónicos de riqueza derivados de todos estes empreendimentos.


CELTA

Os celtas, através das suas várias tribos na Europa da Idade do Ferro, também preservaram figuras de pais celestiais, embora em formas bastante distintas das greco-romanas ou védicas. Dois em particular mostram o duplo legado de Dyēus Pater em terras celtas: o deus gaulês Taranis, que representa o aspeto do céu tempestuoso, e o irlandês Dagda, que representa o aspeto patriarcal do Pai Todo-Poderoso (com foco na abundância e fertilidade).

As línguas celtas tinham divergido significativamente, pelo que o nome Dyēus em si não está presente de forma transparente, mas os conceitos e epítetos estão.


HITITA

Os hititas, que falavam uma língua indo-europeia, usavam a palavra “Sius” (de dyeus) para significar “Deus” em geral, em vez de um deus do céu específico. A sua divindade principal era o Deus-Tempestade de Hatti (Tarhunzas), que assumiu parcialmente o papel de pai do céu.

No entanto, há uma inscrição palaica que invoca “Tiyaz papaz” — literalmente “Papa Tiyaz”. Tiyaz era um Deus palaico do sol/céu, e papaz é uma palavra para pai.


BÁLTICO

As línguas bálticas mantiveram a palavra para deus/céu (Dievas em lituano, Dievs em letão) diretamente de dyeus. O Deus principal báltico, Dievas, era originalmente o deus do céu — um altíssimo, omnisciente porém passivo pai do cosmos. Nas canções folclóricas da Lituânia e da Letónia, Dievs/Dievas é uma figura paternal celestial que veste o céu como um manto cravejado de estrelas. O folclore letão refere-se a Debestēvs (“Pai do Céu”), que é uma correspondência semântica exacta com Pai do Céu.


EM GERAL​

Olhando para estas culturas, podemos discernir alguns atributos comuns e linhas temáticas na representação de Dyeus Pater: Ele é masculino, associado ao céu/paraíso, considerado como uma figura paternal (quer literalmente pai de outros Deuses ou metaforicamente pai da criação/humanidade), ligado à luz (luz do dia, o sol) e frequentemente associado à chuva ou tempestades, e visto como um líder ou ancião do panteão (embora nem sempre o seu governante).

Os símbolos mais comuns incluem o próprio céu (por vezes personificado como um olho ou uma entidade que tudo vê), a águia ou outras criaturas do céu, o relâmpago (em muitas tradições), o carvalho ou a árvore sagrada e imagens de um trono nas alturas (cume das montanhas ou céu). As práticas de culto envolviam frequentemente lugares elevados (altares no topo de colinas, templos no topo de montanhas), oferendas de touros ou carneiros (animais simbólicos da virilidade e da força) e a invocação em tratados e juramentos, reflectindo o seu papel de testemunha.



BIBLIOGRAFIA
Dyeus, Encyclopedia of Indo-European Culture, J.P. Mallory & D.Q Adams​
Indo-European Poetry and Myth, M.L. West​
Rigveda Samhita – vários hinos (1.164.33, 1.191.6, etc.) a referenciar Dyavaprithivi e Dyaus Pitṛ​
Jupiter, Taranis​

CRÉDITOS:
Karnonnos [Guardião Templar]​
 
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NOMES DE ZEUS: ATUM​


Atum, uma das divindades mais antigas e significativas da mitologia egípcia, está no centro da cosmogonia heliopolitana como o progenitor auto-criado dos Deuses e do universo. Reverenciado como o “Senhor da Totalidade” e o “Completo”, Atum personifica os conceitos de criação, completude e renovação cíclica.

Menos oculto do que Amon, mas fundamentalmente enigmático, o simbolismo de Atum permeia os textos religiosos egípcios, a iconografia e os rituais dos templos, reflectindo o seu duplo papel como princípio e fim da existência. Os papéis mitológicos de Atum, as suas associações simbólicas e o seu legado duradouro na teologia egípcia são variados, estando presentes em fontes fundamentais como os Textos das Pirâmides, os Textos Sepulcrais, e o Livro dos Mortos, bem como em análises académicas de egiptólogos.


MITO HELIOPOLITANO DA CRIAÇÃO​


A proeminência de Atum tem origem na cosmogonia de Heliópolis (Iunu), um dos mais antigos centros religiosos do Egipto. De acordo com a tradição heliopolitana, Atum emergiu das águas primordiais de Nun, o abismo caótico que existia antes da criação. Os Textos das Pirâmides (c. 2400-2300 a.C.), inscritos nas pirâmides dos faraós da Quinta e Sexta Dinastias, descrevem a autogénese de Atum:

Declaração 527, Texto da Pirâmide 600

Atum-Khepri, tornaste-te alto no céu; ergueste-te como a pedra Benben na Mansão da Fénix em Heliópolis. Cuspiste Shu; expectoraste Tefnut. Puseste os teus braços à volta deles, como os braços de um Ka, para que o teu Ka pudesse estar neles.

Atum era um Deus criador primordial na antiga religião egípcia, central no mito da criação heliopolitana. No princípio — o Tsep Tepi, ou “primeira ocasião” — só existiam as águas escuras e sem forma de Nun. A partir deste caos primordial, Atum auto-gerou-se e emergiu, sendo frequentemente retratado como surgindo no Benben (um monte primordial em forma de pirâmide, semelhante a um Chakra) que se ergueu de Nun.

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De forma única, Atum era considerado “o auto-criado”, contendo o potencial de toda a vida. Ele produziu o primeiro par divino, Shu (ar) e Tefnut (humidade), a partir de si próprio — o nome de Atum deriva da raiz tm, que significa “completar” ou “terminar”. Esta etimologia sublinha o seu papel como o Deus que contém em si todas as potencialidades. Os Textos Sepulcrais (c. 2100-1800 a.C.) enfatizam a sua completude:

76, Texto Sepulcral

Eu sou Atum, o criador dos Deuses Mais Antigos. Eu sou aquele que deu à luz Shu; Eu sou aquele grande Ele-Ela. Eu sou aquele que fez o que lhe pareceu bom, que tomou posse das Duas Terras de Nun, que deu ordens às Enéadas.

A androginia de Atum (referido como o “grande Ele-Ela”) realça a sua autossuficiência, permitindo-lhe gerar vida sem uma consorte, mas também as distintas polaridades magnéticas e eléctricas do universo.

Havia também um aspeto de Atum que era ctónico e relacionado com a morte. Os faraós prestavam homenagem a Atum nos seus textos mortuários, aspirando a unir-se a Atum na vida após a morte. A ideia era que, após a morte, a alma do rei viajaria para os céus e fundir-se-ia com Atum no sol poente.

Nas Declarações do Texto da Pirâmide, o rei falecido diz: “Sou teu filho; vim até ti, Atum”, procurando sentar-se no trono de Atum no céu. Isto reflecte a forma como Atum simbolizava a soberania absoluta, tanto divina como real. De facto, um estudioso observa que a mitologia egípcia da criação forneceu uma escritura teológica para a realeza, e Atum, como criador, era central para essa escritura.


SIMBOLISMO DE ATUM​

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Artisticamente, Atum era geralmente representado na forma humana como um homem que usava a pschent (coroa dupla) do Alto e Baixo Egipto, o que também indicava o seu controlo sobre os dois reinos da existência. Os dois lados da ordem e do caos estão representados na coroa, mostrando o seu simbolismo máximo como Senhor de Ma’at.

Traz frequentemente consigo um cetro de was (que representa o poder) e um ankh (que representa a vida), sublinhando a sua autoridade sobre a criação e a sua capacidade de dar vida. Uma das poucas distinções na arte entre Atum e um faraó é que Atum pode ser mostrado com uma barba divina (curvada na ponta) em vez da barba reta dos reis, relacionada com a Sequência de Fibonacci.

É frequentemente representado entronizado, como convém a um criador-rei dos Deuses. Em certos contextos, Atum tinha uma iconografia especializada: no submundo, podia ser representado como um homem idoso apoiado num bastão (mostrando a fraqueza do sol no final do dia) ou mesmo com uma cabeça de carneiro, uma forma que assume no Duat como protetor, associando-o a Amon.

A associação de Atum com o sol também significava que ele era representado como um escaravelho em alguns ciclos solares — o escaravelho (Khepri) simbolizava o renascimento do sol da manhã, e Atum como escaravelho sublinhava o seu papel na regeneração contínua do sol. Aos olhos dos egípcios, todas estas imagens variadas exprimiam os atributos de Atum: o poder criativo, a realeza sobre a criação e a garantia de renovação.

A emergência de Atum de Nun no topo do monte primordial é simbolizada pela pedra Benben, um objeto piramidal ou cónico que se tornou o protótipo dos obeliscos e piramidões e que também representa os Chakras. O Benben representava a primeira terra sólida e o núcleo da criação. Na arquitetura dos templos, o santuário mais interior (o Naos) que abrigava a estátua de culto era visto como um microcosmo deste monte, ligando o ato criativo de Atum aos rituais diários.

Ocasionalmente, Atum era representado como um leão ou um ichneumon, uma forma egípcia estilizada de um mangusto. O ichneumon, uma criatura que mata cobras, reforçava o seu papel de protetor contra o caos. O leão, por outro lado, simbolizava o poder solar e a realeza, ligando Atum à autoridade divina do faraó.

Na sua forma nocturna, Atum era representado como uma serpente — um símbolo de regeneração e do submundo. O Livro dos Mortos (Feitiço 175) descreve o ato final de dissolução de Atum:

Feitiço 175, Livro dos Mortos

Destruirei tudo o que fiz; esta terra voltará a Nun, ao dilúvio, como no seu estado original. Mas eu permanecerei com Osíris; transformar-me-ei em outra serpente que os homens não conhecem e os Deuses não vêem.

Esta forma serpentina sublinha o papel de Atum como criador e destruidor, personificando a natureza cíclica do tempo.

O ato de criação orientado para si próprio de Atum, muitas vezes eufemizado como “usar a mão”, simboliza a criatividade autónoma. A mão tornou-se um hieróglifo para ação e poder. No Papiro de Bremner-Rhind (século IV a.C.), Atum declara: Copulei com o meu punho; juntei a minha mão à minha boca; entrei na minha própria boca. Espirrei Shu; cuspi Tefnut.

Esta imagem paradoxal — estéril porém fértil — reflecte o entendimento egípcio da criação como um ato de vontade divina que transcende as meras normas biológicas.

Para além disso, Atum tinha um rico simbolismo animal que transmitia os seus poderes. Os seus animais sagrados incluíam a serpente Kundalini, o leão — símbolo de todas as prerrogativas reais e solares —, o touro, representando o controlo da mente, a virilidade e a realeza solar (tal como o touro negro Mnevis de Heliópolis, que era sagrado para Atum), o lagarto, e o ichneumon ou mangusto, conhecido por lutar contra cobras. As imagens contraditórias dos seus animais demonstram a sua ligação à criação, destruição e renascimento.

Cada criatura reflectia um aspeto de Atum: por exemplo, como leão, Atum era um protetor feroz; como serpente, era a misteriosa personificação da eternidade; como touro, era um procriador e rei. Até como um babuíno, assumiu o papel de defensor, disparando contra os agentes do caos.

Um exemplo notável é o símbolo da Fénix. Dizia-se que o pássaro egípcio Benu, ligado a Atum e relacionado com a Pedra, se erguia das águas de Nun e pousava na pedra Benben, gritando para inaugurar a criação. Mais tarde, este simbolismo foi copiosamente roubado pelos cristãos e vários degenerados no Egipto.

Estes símbolos variados reforçaram a imagem de Atum como uma divindade que estava presente em todas as formas de vida, animal e humana, mas que, em última análise, as transcendia como o mestre singular da criação. O simbolismo de Atum operava assim a nível cósmico, político e pessoal, tornando-o um dos Deuses mais simbólicos do panteão egípcio.


TEMPLOS DE ATUM​


O culto de Atum estava firmemente estabelecido em Iunu. Era venerado como divindade solar e como pai primordial do faraó. Os governantes desta época incorporavam frequentemente Atum nos seus epítetos reais e nos rituais das pirâmides. Por exemplo, o faraó Unas (5ª Dinastia) tem textos que dizem que ele subirá ao céu e se sentará no trono de Atum, enfatizando a proximidade com o Deus.

Faraós do Império Médio, como Senusret I e Amenemhat III, remodelaram os templos de Heliópolis e acrescentaram obeliscos que celebravam Atum. Foi dada uma ênfase crescente ao papel de Atum na assistência à batalha de Rá contra a serpente Apep e na derrota de Atum contra a serpente Sepa, que é mostrada de forma elaborada no Livro dos Portões. Outras imagens encontradas em túmulos desse período mostram Atum apresentado ao lado dessas serpentes.

Embora Heliópolis continuasse a ser o principal centro de culto de Atum, a sua adoração espalhou-se por Tebas e pelo Delta. Os templos apresentavam estátuas de Atum como um homem usando a Coroa Dupla, simbolizando o seu domínio sobre o Alto e o Baixo Egipto. Nos relevos, segura frequentemente o cetro de was e o ankh.

Alguns templos ptolemaicos do Alto Egipto também honravam Atum; por exemplo, em Dendera, um complexo de templos da era greco-romana, Atum é incluído em cenas cosmológicas e hinos ao lado de outras divindades criadoras.


UNIÃO DE ATUM E AMON​


No Reino Novo, existiam cultos atribuídos a Atum, como o das Sumas Sacerdotisas reais tebanas, conhecidas como Adoratrizes Divinas de Amon, que actuavam como a Mão de Atum nos rituais do templo. Isto mostra que existia uma relação simbiótica entre os dois Deuses, envolta em simbolismo.

No período romano, Atum foi por vezes fundido na figura de Zeus Ammonas ou Júpiter na interpretatio graeca-romana, ou em formas de Zeus-Helios (Zeus do Sol) durante as visitas imperiais romanas a Heliópolis. Era frequentemente representado com chifres de carneiro.

Vemos, por exemplo, nalgumas moedas e inscrições romanas, Júpiter-Helios-Atum reunidos como uma única divindade. O imperador Augusto, ao dedicar uma estela, invocou “Júpiter que se eleva do céu oriental”, referindo-se a Atum-Ra.

Havia também uma interpretação filosófica. Plutarco, em Sobre Ísis e Osíris, menciona um conceito de uma divindade suprema egípcia que permanece depois de tudo o resto ser destruído, provavelmente aludindo ao papel de Atum no fim dos tempos. Este facto ajudou os pensadores helenísticos a enquadrar Atum como um símbolo de um princípio primordial duradouro, semelhante à sua ideia de Logos ou Deus primordial.


FARAÓ, FILHO DE ATUM​


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Horemheb suplicando a Atum​

Os faraós reivindicavam a descendência de Atum para legitimar o seu governo. Os Textos das Pirâmides (Utterance 600) afirmam:

Declaração 600

O rei é o filho de Atum, que o ama, que o deu à luz, para que ele possa estar no trono de Atum para sempre.

Ao associarem-se ao poder criativo de Atum, os faraós posicionavam-se como defensores de Ma’at (ordem cósmica). Muitos faraós usavam o epíteto “Filho de Atum” como parte do seu titulário, mesmo muito depois de o poder político se ter deslocado de Heliópolis para Tebas.

Como o primeiro Deus-rei (aquele que governou antes de a terra ter faraós), Atum era visto como o protótipo divino de quem os faraós terrenos herdavam a autoridade. Os faraós alinhavam-se explicitamente com Atum. O título “Filho de Atum” era usado pelos reis para sublinhar que eram descendentes do criador original.


FESTIVAIS DO CRIADOR​


Os festivais de Atum, como a “Festa da Enéade”, envolviam procissões e oferendas de pão, cerveja e incenso. O Templo de Atum, em Heliópolis, abrigava uma árvore sagrada (a ished), onde se acreditava que residia a presença do Deus.

Em Tebas, o Festival de Opet e outros rituais estatais invocavam ocasionalmente Atum juntamente com Amun. Um papiro do final do Reino Novo sugere que Atum desempenhava um papel central no festival de Ano Novo: à medida que o ano se regenerava, o papel do rei era renovado pelas bênçãos de Atum.


CONTEXTO DO INIMIGO​


Muitos dos atributos de Atum e Amon, juntamente com os mistérios avançados de Zeus de fontes gregas, foram roubados pelo cristianismo, particularmente a ideia de alfa e ómega e o logos. O lunático chamado Orígenes reivindicou o conhecimento do mito da fénix e descaradamente forçou-o a entrar no mito de “Cristo”. Outros aspectos chegaram à literatura gnóstica, como os chamados “Autogenes”.



BIBLIOGRAFIA
Livro dos Mortos capítulos 15, 17, 175, Textos das Pirâmides Egípcias e Textos Sepulcrais​
Ancient Gods Speak, Donald B. Redford​
Atum the Creator God, kemetexperience​
On Isis and Osiris, Plutarch​
The Phoenix and the Early Church, Daniel Tompsett, Foundations​
Handbook of Egyptian Mythology, Pinch​
The Complete Gods and Goddesses of Ancient Egypt, Richard H. Wilkinson​
Ancient Egyptian Creation Myths: From Watery Chaos to Cosmic Egg, Glencairn Museum​

CRÉDITOS:
Karnonnos [Guardião Templar]​
 
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NOMES DE ZEUS: XANGÔ
Xangô, também conhecido como Shango, é a personificação do trovão, da agricultura, da justiça, das tempestades, da dança e da virilidade masculina nas religiões iorubá, dahomey e ewe, originárias da atual Nigéria, Benin, Camarões e Togo. Ele também é conhecido como Sogbo ou Hevioso na religião Fon do atual Benin, onde o vodu se originou.

O Deus das Tempestades é representado prolificamente em muitas das religiões do Novo Mundo da diáspora negra, como a Santería nas comunidades afro-latinas, o Candomblé no Brasil e o Vodu no Haiti, na Louisiana e em muitos outros lugares, mas também em outras tradições distintas de Trinidad e Cuba que levam apenas o seu nome.

Muitos de seus aspectos são transmitidos verbalmente e nem sempre estão totalmente alinhados uns com os outros, mas surge uma forte imagem desse Deus das terras iorubás.


SIMBOLISMO DE XANGÔ

Assim como em muitas outras representações, Xangô é representado como um orixá com um machado de uma ou duas cabeças, geralmente na cabeça ou próximo aos pés. Ele é frequentemente representado com esse símbolo que simboliza o poder do raio e o controle sobre os elementos. Suas cores são geralmente vermelho e branco, cores que tinham uma importância significativa no Egito.

Ocasionalmente, porém, ele é representado em uma forma corporal mais andrógina, que é considerada uma alegoria da influência nutritiva dos orixás e do equilíbrio das forças masculinas e femininas na alma. De todos os deuses, ele é o que mais liberalmente usa o ase (força divina), semelhante ao poder das bruxas. Essa androginia também é representada em seus sacerdotes tradicionais, que usam os estilos de cabelo raspado, trançado e alto das mulheres em ocasiões especiais. Curiosamente, sabe-se que esse penteado, quando usado por homens, está associado ao estado de transe e ao aspecto medicinal de Xangô para rituais de massa; é proibido aos homens usá-lo em outros contextos.

Sua beleza física e virilidade são sempre enfatizadas na cosmologia iorubá, mas também sua tendência a se enfurecer rapidamente e ser caprichoso. Xangô representa o poder da própria natureza de forma mais central do que outras representações de Zeus. Assim como Raijin, os ritmos dos tambores Iyá, Itótele e Okónkolo invocam sua energia e representam seus poderes.

Os iorubás acreditam que Xangô cria trovões e relâmpagos lançando “pedras de trovão” do céu para a terra. Qualquer pessoa que ofenda Xangô é atingida pela velocidade de um raio. Quando o raio caía, seguido de trovões, os antigos sacerdotes de Xangô saíam em busca de pedras de trovão ou da “pedra do trono”, que tinha poderes especiais:

Oração Yorubá para Xangô

On'-ile ina!
A da ni niji
Ina osan!
Ina gun ori He feju!
Ebiti re firi se gbi!
O Senhor da Casa do Fogo!
Aquele que causa pavor repentino!
O fogo do meio-dia!
O fogo que sobe no telhado e se torna ofuscante!
O peso mortal que atinge o chão com força ressonante!

Xangô é representado em uma dança sagrada que representa todos os seus feitos e conquistas, não muito diferente de Shiva. Os adoradores em Yorubaland ainda empunham o oshe ou machado de Xangô em uma dança simbólica em massa, com suas faces duplas elaborando certos mistérios:

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Shannon me disse que o Veve de Hevioso representa os chifres do carneiro:

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Particularmente na Santería, Xangô é consistentemente associado ao carneiro e à cor vermelha, simbolizando sua conexão com Amon e Zeus, mas também com o signo de Áries e o equinócio da primavera. Ele é frequentemente invocado para o sucesso em questões sexuais, sendo conhecido nos mitos como amoroso. Seu dia é representado como sexta-feira ou sábado, mas geralmente como quinta-feira na África.

Nas tradições brasileiras, Xangô é representado com uma coroa de bronze, o que significa sua posição de precedência entre os orixás. Os quatro principais rios nigerianos (o principal deles é o rio Níger) também são as esposas de Xangô, aludindo ao seu domínio dos elementos.


O XANGÔ TERRENO

Na maioria das narrativas, Xangô foi considerado um dos principais ancestrais do Império de Oyo. Ele foi equiparado ao terceiro Alaafin (Guardião do Palácio), que trouxe todas as formas de prosperidade e poder ao reino. Como governante forte e guerreiro, ele fez com que muitos dos inimigos de Oyo o temessem. No entendimento dos iorubás, o temível Alaafin era casado com Oya (Lilith) e Oshun (Astarte). Foi devido às intrigas e à persuasão de Oya que Xangô decidiu assumir o poder.

O culto a Xangô desempenhou um papel fundamental na administração do estado. A posição do Alaafin como representante de Xangô foi explorada ao máximo como um meio de apoiar sua autoridade. O culto foi difundido em todas as cidades sob influência de Oyó e organizado em uma hierarquia centralizada no palácio de Oyó. Os Ajales do Alafin eram, muitas vezes, sacerdotes de Xangô.

Trinidad Yoruba, Maureen Warner-Lewis

Seu governo só terminava quando o próprio palácio era atingido por um raio, provocando um tipo de apoteose, ou quando era expulso pelo outro governante. Portanto, nas tradições iorubás, Xangô era um ser físico que se tornou um orixá e era originalmente um rei do Império de Oyo. Ele trouxe prosperidade ao império de Oyó e, mais tarde, cometeu suicídio por enforcamento, revelando-se posteriormente ao povo de Oyó como tendo tomado seu lugar como orixá. As narrativas das fontes mostram uma história semelhante sobre Hevioso.

Até hoje, na Nigéria, Xangô é invocado durante as coroações para conceder ao rei o poder justo e o uso adequado da justiça. Na Santería, os ritos também são concluídos com frequência nomeando-o rei:

Ritual de Lukumí

Kabiosile Changó!
Salve o rei, Xangô!


OLODUMARÊ

O grande Deus por trás de todos os espíritos dos orixás, Olodumarê (Osanobua entre os povos Edo), representa o conceito de Satya ou Verdade Cósmica. Oludmare está em tudo e, ao mesmo tempo, além de tudo. Sabe-se que essa força designou Xangô como o mais forte e poderoso dos orixás. Para os iorubás, ele também é associado ao arco-íris e aos prismas de cores que costumam aparecer após a tempestade.

Como o Ser Supremo no ápice dessa hierarquia cósmica divina, Olodumarê, Nana Buluku, Nazambi Kalunga ou Onyankopon é o dono dos céus, a fonte de toda a existência e o poder originário por trás do mundo dos espíritos e da vida humana. O nome Olodumarê é uma combinação de olo, odu e mare. Olo odu significa “dono do odu”, o princípio que sustenta o funcionamento do universo, e mare é “luz” ou “arco-íris”.
Afro-Caribbean Religions, Nathaniel Murrell


ADIVINHAÇÃO E ORUNMILÁ

A emanação terrena do orixá, chamada Òrúnmìlà, foi considerada a criadora de todos os sistemas de adivinhação, viajando pelo mundo para encontrar o melhor dos sistemas e construindo o Grande Templo de Ife-Ife. Várias lendas sugerem que Xangô lhe passou essa habilidade em troca da dança do mundo, mostrando a identidade de Xangô como um Deus do Destino:
O Caminho do Orixa, Philip John Neimark

Os poderes de empatia e intuição de Xangô não podem ser exagerados. Os primeiros oriki (pequenas orações e histórias) sugerem que, em um determinado momento, era Xangô quem possuía a tábua de adivinhação e o segredo de prever o futuro. Nessas histórias, diz-se que, devido à sua capacidade inata de pressentir eventos futuros, Xangô não sentia necessidade de usar o equipamento físico e as técnicas e, por isso, os trocou por Orunmila em troca do dom da dança.

O próprio Òrúnmìlà é expresso por meio dos ritos de adivinhação, Ifá. A adivinhação é extremamente importante na religião iorubá e funciona como o principal rito religioso em si; ela é considerada uma forma aproximada de se comunicar com as divindades, não apenas de simbolizar ou interceder. Ifá é praticado não apenas na África, mas também na diáspora:

Religiões afro-caribenhas, Nathaniel Murrell

O popular sistema de adivinhação Ifa - comum entre os iorubás, Fon Ewe (Daomé), Ebo, Igbo e outros povos da África Ocidental - não só está vivo em Cuba, no Brasil e em Trinidad, como também é uma busca acadêmica e cultural dentro e fora da região.

O sistema de adivinhação elabora o que ocorrerá com o adorador se ele mudar pouca coisa em sua vida. O simbolismo de Òrúnmìlà ao seguir Ifá permite que o praticante alcance o que é chamado de titete (alinhamento da alma). Os estados meditativos são considerados muito importantes e, no entendimento iorubá, são necessários anos de iniciação e prática para atingir um estado adequado.

Os sacerdotes e sacerdotisas da religião iorubá aprendem de cor até 1.680 versos ou códigos simbólicos expressos por meio de ditados, em paralelo aos sistemas verbais dos celtas. Há evidências de que alguns desses ditados vieram do próprio Egito, tendo grandes semelhanças com os textos egípcios.

Xangô está associado aos versos que tratam de governança, vitória em batalha e as consequências da arrogância ou do mau uso do poder. Sua influência em Ifá geralmente aparece em casos em que justiça, força e equilíbrio são necessários, pois ele é conhecido por seus julgamentos justos, porém severos. As pedras vermelhas do trovão (edun ara), que se acredita serem remanescentes de seus raios, são usadas em rituais e às vezes aparecem em adivinhações.


CORRUPÇÃO

Com a agitação e as proibições do paganismo que vieram com a escravidão transatlântica, muitos foram obrigados a adorar a “santa” chamada Bárbara, cujo pai foi atingido por um raio ao decapitá-la por ter se convertido ao cristianismo. As características andróginas de Xangô também contribuíram para esse tipo de confusão.

Até hoje, muitas religiões do Novo Mundo hibridizam Xangô com essa santa, o que é uma prática perigosa. No Temple of Zeus, pedimos que a prática de cada um se concentre totalmente no Deus.



BIBLIOGRAFIA
Sàngó na África e na Diáspora Africana, Tóyìn Fálọlá, Joel E. Tishiken e Akíntúndéí Akínyẹmí​
Afro-Caribbean Religions (Religiões afro-caribenhas), Nathaniel Murrell​
The Way of the Orisa, Philip John Neimark​
Art and Trance Among Yoruba Shango Devotees, African Arts, Margaret Thompson Drewal​
Trinidad Yoruba, Maureen Warner-Lewis​

CRÉDITOS
Karnonnos [Guardião Templar]​
Shannon (assistência com Veve e Levioso, simbolismo)​
Warlock666 (elementos narrativos de Xangô, livros iorubás de Trinidad)​
 
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NOMES DE ZEUS: NZAZI

O povo Bakongo, cujas terras ancestrais se estendem pela atual República Democrática do Congo, Angola e Gabão, possui uma tradição espiritual ligada a Nzazi, o Deus do trovão e do relâmpago, que é uma das figuras mais complexas.

Reverenciado tanto como doador de vida quanto como destruidor, Nzazi incorpora a dualidade da natureza e serve como árbitro moral na religião bakongo. O papel que ele exemplifica na espiritualidade Bakongo é mais complexo, oferecendo uma visão de como essa divindade reflete a compreensão do povo Kongo sobre o mundo natural e a ética.


NZAMBI MPUNGU​


A teologia Bakongo se concentra em Nzambi Mpungu, o Deus Criador supremo, que delega autoridade a divindades e espíritos menores chamados bisimbi, mais ou menos análogos aos orixás:

Referência de Oxford

Deus do povo Bacongo de Angola. Identificado com o Sol, Nzambi é auto-existente, todo-poderoso e “sabe tudo”. Os Bacongo dizem: “Ele não foi feito por nenhum outro; não há ninguém além dele”. Nzambi, “a maravilha das maravilhas”, é bondoso - uma divindade que “cuida do caso do homem pobre”. De fato, o Deus do céu parece demonstrar bondade até mesmo para com os membros mais destituídos da sociedade. Incapaz de praticar o mal ou de cometer erros, Ele “é justo e misericordioso”, o governante e sustentador do universo, uma fonte de bondade.

Diferenças individuais, entretanto, o Bacongo atribui a Nzambi. Ele não apenas cria os indivíduos, mas também lhes dá diferentes gostos e qualidades de alma. Eles dizem: “Não se pode resistir ao que vem do céu”. Dizem que existe uma relação especial entre a Deidade Criadora e o homem, às vezes expressa como: “O homem é o homem de Deus”.

Esse é um tema típico da mitologia bantu. Diz-se que Nzazi é um bisimbi de grande poder.

De acordo com a cosmologia Bakongo, o universo originou-se de um vazio infinito e sem vida conhecido como mbûngi. Desse vazio primordial, a divindade suprema Nzambi Mpungu invocou uma centelha primordial de fogo, Kalûnga, que começou a se expandir até preencher totalmente o mbûngi.

À medida que o Kalûnga crescia além da capacidade de contenção, ele irrompeu em uma explosão cósmica, dispersando cataclísmicamente elementos superaquecidos pelo cosmos. Essa explosão energética forjou as fundações do universo, esculpindo as estrelas, os planetas e os corpos celestes.

Dentro dessa tradição, Kalûnga é reverenciado não apenas como o catalisador da criação, mas também como a força universal que impulsiona todos os movimentos e mudanças. A visão de mundo Bakongo enfatiza que a própria vida depende da transformação perpétua e do movimento dinâmico - princípios incorporados por Kalûnga. Notavelmente, Nzambi Mpungu também é venerado como o próprio Kalûnga. Ele incorpora o princípio divino da mudança que sustenta os ciclos cósmicos e terrestres.

Esses ciclos estão relacionados ao nascer, ao pico, ao pôr do sol e às fases invisíveis do Sol, que os povos bakongo correlacionam com todos os estágios da vida e com a criação do mundo. Muitas dessas cosmologias são semelhantes à de Atum no Egito, incluindo o aspecto solar do rejuvenescimento quádruplo.

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Os Bakongo dividiram o mundo no reino físico de Ku Nseke e no reino espiritual de Ku Mpèmba. Uma linha de profundidade misteriosa chamada Linha Kalûnga separa esses dois mundos. Todos os seres vivos existem em um lado ou no outro. Acredita-se que os espíritos Simbi transportam o povo Kongo entre os dois mundos no nascimento e na morte.


DOADOR DE VIDA​


Como portador da chuva, o Nzazi é essencial para os ciclos agrícolas. O estilo de vida dos Bakongo depende muito da agricultura. Eles consideram as tempestades como bênçãos que reabastecem o solo. Os rituais que invocam a chuva de Nzazi geralmente acompanham as épocas de plantio, garantindo a fertilidade e a abundância. Nessa função, ele está intimamente associado ao poder criativo de Nzambi Mpungu. Ele canaliza a água - o símbolo da vida - dos céus.

Em épocas de seca, as comunidades do povo Bakongo se reúnem para dançar, tocar tambores e entoar cânticos, pedindo a Nzazi que envie chuva. Essas cerimônias geralmente envolvem o uso de sinos de ferro e chocalhos com sons estrondosos.

Um mito atribui a Nzazi a criação de rios e vales por meio de relâmpagos, moldando os sulcos topográficos da Terra. Isso o alinha com a própria criação, posicionando as tempestades como ferramentas tanto de destruição quanto de renovação.


TRADIÇÃO ORAL​


Um mito popular fala de um chefe de aldeia que acumulou recursos durante uma seca, recusando-se a compartilhar com seu povo. Nzazi, irritado com esse egoísmo, convocou uma tempestade que atingiu o celeiro do chefe com um raio, reduzindo-o a cinzas. O chefe se arrependeu e logo começou a chover, reavivando a terra.

Essa história ressalta o papel de Nzazi na aplicação da ética comunitária e as consequências da ganância, mas é extremamente semelhante a outros mitos envolvendo Zeus em todo o planeta.

Outra narrativa descreve Nzazi como um guerreiro que luta contra espíritos malévolos (ndoki) que causam o caos na Terra. Seus trovões são o som de suas armas celestiais se chocando com as forças das trevas, enquanto os relâmpagos iluminam o caminho da retidão.


BANGANGA​


Os principais indivíduos da religião Bakongo são curandeiros chamados Banganga ou Nganga, que significa “especialista”. No Reino do Kongo e no Reino do Ndongo, na era do Renascimento, os sacerdotes eram conhecidos por terem passado por um treinamento complexo, que durava anos, com códigos orais detalhados. O Congo foi um dos reinos mais complexos e avançados da África, centrado na cidade de Mbanza Kongo.

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Eles também passaram por treinamento para se comunicar com os ancestrais ou espíritos, como o Nzazi. Considera-se que o Nzazi é importante para guiar uma pessoa em seu período de vida para Ku Mpémba, o mundo espiritual.

Eles desempenharam um papel importante na resistência a João I, João II e Afonso I, que impuseram o cristianismo aos congoleses por meio do contato com os portugueses. Muitos continuaram a resistir aos esforços dos padres capuchinhos para impor o cristianismo no reino até o início do século XIX.


SÍMBOLOS DO NZAZI​


Nzazi é frequentemente descrito como uma figura canina ou um homem cercado por doze cães que possivelmente representam os trabalhos. Mbwa Nzazi, o cão de Nzazi, é usado para controlar raios e trovões, para manter as pessoas longe do que eles podem causar.

Para os balubas, Nzazi - “o raio” - representa um animal. Ele é descrito como um bode preto com cauda de pavão que produz chamas quando aberto. Nas estações mais secas, ele supostamente vive dentro de cavernas, mas durante a estação chuvosa, ele sobe à superfície. Ele sempre se move como um estrondo, formando o trovão. Muitas vezes se lança em direção ao solo com o objetivo de tocar um objeto, um animal ou um homem, para absorver sua energia e se alimentar.

O fogo de Nzazi vem por meio de raios que atingem palmeiras e árvores frutíferas. Quando atingidas por esse raio, as pessoas são proibidas de tocá-las. Isso é determinado por Nkisi Nzazi por meio do Nganga. Ao passar perto da referida árvore, o Nkisi Nzazi se livra de uma maldição. As árvores atingidas pelo Nzazi são usadas como materiais para a fabricação de amuletos e objetos sagrados.

Nzazi é retratado empunhando uma arma trovejante, como em quase todas as representações de Zeus. Essa ferramenta representa sua capacidade de dividir o céu e atingir a Terra com precisão.

Acredita-se que a imponente sumaumeira atraia raios. Portanto, ela é considerada altamente sagrada para Nzazi. Acredita-se que seu tronco oco abriga sua energia, e os rituais são frequentemente realizados em sua base.

Após as tempestades, o arco-íris (nkangi) é visto como a “ponte” de Nzazi, sinalizando o fim de sua fúria e a restauração da paz. O arco-íris também é um símbolo de muitos outros deuses supremos bantu, o que sugere uma tradição compartilhada.


BIBLIOGRAFIA​

Narrativa de uma expedição para explorar o rio Zaire, geralmente chamado de Congo, na África do Sul, em 1816

Por James Kingston Tuckey , Christen Smith

Two Trips to Gorilla Land and the Cataracts of the Congo (Duas viagens à Terra dos Gorilas e às Cataratas do Congo), Richard Francis Burton

African-Atlantic Cultures and the South Carolina Lowcountry, Ras Michael Brown

Kongo Political Culture: The Conceptual Challenge of the Particular, Wyatt MacGaffey

Folk-lore - A Quarterly Review of Myth, Tradition, Institution, and Custom, David Nutt

Etnografia do NPS: Patrimônio e etnografia afro-americana

CRÉDITOS​

Karnonnos [TG]
 

Al Jilwah: Chapter IV

"It is my desire that all my followers unite in a bond of unity, lest those who are without prevail against them." - Shaitan

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